Vi, senti compaixão e cuidei dele
Vera Sábio*
Como todos os anos, a igreja Católica coloca, no período da quaresma, uma Campanha de reflexão, com temas propícios para isto.
Campanha, como diz o próprio nome, são atitudes de movimento em prol de algo ou de alguém.
Santa Dulce dos Pobres, como Irmã Dulce agora é reconhecida depois de sua "santificação", foi alguém que viveu a vida toda em "campanha": em movimento, em ação, em prol dos mais desfavorecidos. Usando muito bem do seu sentido "visual".
A visão é um sentido muito reflexivo, tanto para transformação como para alienação daqueles que enxergam, mas não veem.
Então lhes convido para começar a reflexão sobre o tema da Campanha da Fraternidade de 2020:
"Vi"- pois no agito do corre-corre da vida, poucos são aqueles que estão parando para ver "com o coração", o necessitado, estando por vezes esta pessoa muito próximo de você, em um quarto em sua casa, almoçando em sua mesa, ou do outro lado da tela do seu computador; também do outro lado da rua, no mesmo elevador, ou compartilhando o mesmo transporte em que pega todos os dias.
Faço esta lista de lugares para destacar que não é preciso compadecer de quem está do outro lado do Atlântico; mas lembrar que muitas vezes seus olhos são incapazes de ver quem está do outro lado da sua mesa.
"Sentir compaixão"- sentir a paixão, ou seja, o sofrimento de quem padece por falta de respeito, de diálogo, de compreensão, de dignidade; algo que vai muito além do que proporciona um prato de comida.
"Cuidar dele"- perceber a solidão que sente, a carência de compreensão, de escuta, de limites que muitas vezes revelam o amor. E isto tudo se resume em "ver".
Atualmente, neste mundo que cada vez é mais virtual do que real, se morre os costumes antigos e se virtualiza a realidade colorida, como se tudo estivesse bem e em ordem; mas não está.
É preciso enxergar que o suicídio aumentou demais e que dentro de cada quarto, enfrente de cada tela, pode estar um suicida pronto a tirar a vida por qualquer futilidade, sendo bem poucos os que enxergam isto.
Precisamos saber abrir os braços, cruzar o orgulho, dobrar as pernas, tocar as carências e visualizar o íntimo que tanto pede por socorro.
Aprendamos a guiar nossos passos no caminho de Jesus que curou, simplesmente viu e curou: secando lágrimas, aproximando-se dos perseguidos e percebendo vida e luzes onde só havia tormento e trevas.
Assim nos tornaremos modelo a nossos filhos, apoio a nossos pais e exemplo a todos que nos visualizam, concretizando a campanha da fraternidade e prontos para a Ressurreição de um mundo melhor.
*Escritora, Palestrante, Psicóloga, esposa, mãe e cega com grande visão interna.
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"Enxergando o Sucesso com as Mãos e Muito além da Visão"
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