DE OLHOS BEM ABERTOS


    Infelizmente não enxergo como vocês que leem o que escrevo, mas estou longe de estar "cega", diante tudo que acontece à minha volta.
    Preciso usufruir bem dos outros sentidos e manter-me atenta aos acontecimentos; ouvindo-os, analisando-o, tocando-os e até experimentando-os e cheirando-os, se necessário for.   ,
   O que não posso é deixar que as palavras bem formuladas e com grande impacto me faça acreditar nas mentiras como se fosse verdade.
   E claro, falando assim, logo irão dizer que esta "cega" fala demais. mas como não vejo cara feia, aproveitem para torcer o nariz aqueles que ainda não me convenceram com pouco, diante do tanto que não somente eu mereço, pois graças a Deus, minha família e minhas condições financeiras, não preciso de nada. O que me faz protestar e lutar é a classe de deficientes que precisam de praticamente tudo...
    As quais, sem representatividade séria, vivem no descaso quase que total.
    Sempre foi assim, torço e espero que no decorrer deste mandato governamental possa dizer o contrário; mas infelizmente é agora sempre foi assim. Deixam tudo como estão para que perto das campanhas eleitorais, modifiquem aparentemente a triste situação e sejam eleitos por isto como os salvadores da pátria.
    Estes dias mesmo começaram a aparecer de mansinho com sorrisos e gentilezas, quem nestes dois anos praticamente sumiu, e agora já fala em bom tom...
  Como representante da classe, estamos fazendo o possível, viram as rampas que foram feitas?
    Se foram feitas mais rampas, não vi... Se tenho representante, não sei...
    O que sei é que perto da minha casa tem um mau cheiro danado, e que mesmo morando em um bairro central, não tenho nenhuma condição de andar de bengala sozinha.
    Sei também que pago taxas para não haver tanto lixo, e há. Pago impostos altos e não vejo o retorno deles. Sei também que meus esforços no trabalho são muitos, no entanto não ganho nada perto do valor recebido por cada vereador; os ditos meus representantes.
    Preciso ficar de olhos bem abertos pois não quero mais me enganar, pois sei que há rampas onde não há calçadas do outro lado e estas são rampas suicidas não podendo jamais um cego confiar nelas.
    Sei que um cadeirante tem muitas dificuldades semelhantes com as minhas, visto que nem sempre tem rampas dos dois lados da rua, por tanto ele desce para rua e depois que atravessa não tem como retornar a calçada, isto quando a calçada lhes oferece condições de transitar nela.

    Transporte é um problema para cegos que não sabem qual tomá-los, se for lotação quando vê a bengala nem para pois temos direito a gratuidade. É problema para cadeirantes, pela falta de acessibilidade dos transportes públicos, é problema para o surdo, por falta de libras nas paradas e nos transportes e sem contar os deficientes intelectuais, os quais dependem de acompanhantes e dificilmente conseguem as duas gratuidade.
    Enfim, não vou continuar, pois outras pessoas querem deixar seus artigos e este papo de deficiente cansa, pois nem todos tem a empatia de entender que qualquer pessoa que se considera normal hoje pode ser uma pessoa com deficiência.
    Mas que deficiência nunca foi sinônimo de santidade, e o que mais dói é saber que algumas condições financeiras superiores e de ganho fácil, tira a essência da percepção de que muitas vezes a subida acontece rápida, porem a decida também. 
   Pois estamos nesta vida com a condição que estivermos, temos o dever de evoluir, ao contrario, a lei da causa e efeito encarrega-se do tempo...

     Quanto mais alto estivermos, maior é a queda...

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