A CRIANÇA TEM A MAIOR PRIORIDADE EM TUDO

Nosso primeiro direito é ter vida e vida em abundância. E para exercermos este direito é extremamente necessário a prioridade destinada a todas as necessidades da criança.

Só teremos cidadãos íntegros, honestos e com mentes sadias; se soubermos amar, cuidar, proteger, educar e cumprir as leis que existe para a vida saudável de toda criança.

Criança precisa ter limites, ser obediente e cumprir as ordens dos cuidadores; todavia, antes de qualquer dever, a criança tem que receber condições dignas de saúde, higiene e cuidados indispensáveis ao seu crescimento.

Infelizmente há progenitores que são piores do que animais, os quais pelo próprio instinto paterno sabem como cuidar da cria. 

Porem existem humanos que não possuem instinto paternos e nenhum amor aos filhos que Deus lhes deu. Assim  esta situação de abandono a qualquer criança está ultimamente me deixando muito mais sensibilizada e preocupada do que antes.

Uma coisa é você ouvir falar que uma criança está sendo mal tratada, pois minha condição de não enxergar nem me permite ver esta situação. Mas outra coisa é você, no caso eu, tocar nas marcas, nas
feridas, nos cabelos e em todo corpinho de uma criança linda; no entanto totalmente prejudicada por piolhos e sarnas de cachorro.

E foi isto que aconteceu. Há 17 dias atrás bateu em minha porta uma senhora dizendo ser avó de 3 meninas, as quais a mãe abandonou e desapareceu.

A menor de 1 ano de idade foi deixada em uma praça, onde  a tia irmã da mãe a pegou e já está com sua guarda provisória.

Outra de 4 anos cheia de feridas e com uma bicheira na cabeça junto com a irmanzinha de 5, que possui uma situação bem parecida, foram deixadas pela mãe na casa de uns conhecidos; dizendo a mãe que em 3 dias as buscaria. No entanto a de 4 anos já está lá  a mais de um mês; e a de 5 anos, a avó logo a buscou, mas disse ao casal que precisava de alguém para ficar com a neta, pois nem seus 2 filhos estavam com ela, visto que vivia de um canto para outro, não podendo cuidar da neta. Até que
eu soube deste fato pelo casal que cuidava da menina de 4 anos e disse que  se a avó não tivesse alguma condição e quisesse doa-la; gostaria de conhecer e até mesmo adotar a neta que estava com ela.

A avó foi no dia 15 de maio em casa, junto com o casal que estava com a menina de 4 anos. Me conheceu, porem não levou a neta, mas disse que realmente não podia ficar com ela, que ela com 5 anos tinha que estudar e como a avó vivia viajando não tinha condição de ficar com ela. Afirmou várias vezes  que sua filha, no caso a mãe das crianças era louca, que ela já tentou matar as duas filhas maiores e abandonou a menor na praça. Porem a avó materna pegaria a guarda desta neta de 5 anos e ai sim iriamos a justiça para passa-la para mim. Pois claro que eu quero fazer tudo conforme a lei. 

Expliquei várias vezes que somente aceitaria a criança com todos os documentos, e a avó repetiu que seria fácil pois esta já tinha entrada no conselho tutelar.

Passaram os próximos 3 dias sem nenhuma notícia; onde todos em casa estávamos ansiosos e a aceitação do meu filho de 17 anos e do meu marido eram total. Não sabia a cor, o jeito e as condições da criança, mas minha vontade de ajudar era grande e todos estávamos compadecidos do caso e rezávamos para que principalmente a vontade de Deus fosse feita e que o melhor acontecesse para esta criança, na consciência que uma menina de 5 anos tem grande conhecimento de sua real situação..

Foi quando no final da tarde do dia 18 de maio de 2016, tocou a campainha e ouvimos uma avó apressada com uma garotinha conduzida pela mão. A avó com uma sacola de mercado nas mãos e a menina com um urso quase do seu tamanho.

Abaixei-me para falar com a criança que somente balançou a cabeça, mãos, rosto, braços, barriga, costa, partes intimas, pernas e pés cheio de feridinhas e as unhas afiada coçando e coçando e aumentando os ferimentos. Os cabelos mal cuidados até abaixo da cintura e na primeira caçada, meu filho já retirou 22 piolhos.

A avó muito apressada, pois o marido a esperava para ir a uma das fazenda que trabalhavam, simplismente disse que pelo amor de Deus eu ficasse com ela, que pela manha bem cedo ela estaria ali com os documentos e a gente conversaria e a levaria ao medico.

Eu imediatamente pedi o registro e ela disse que não conseguiu encontrar, mas me entregou a transferência de uma escolinha da Vila São Francisco e um cartão do SUS. Garantiu que procuraria o registro na fazenda e que me traria no dia seguinte. Se dirigindo a neta que nunca havia me visto antes, disse que era para ficar boazinha e que eu seria sua nova mãe e a cuidaria dela, que era para ela não ter medo e esperar que a avó voltaria na manhã seguinte.

Chorei de compaixão e não entendi como a menininha que falava parte em português e parte em espanhol, não chorou, não reclamou e muito pouco falou, querendo comer tudo que lhe oferecia.

Conversando com meu marido, decidimos pelo bem da criança irmos no mesmo instante ao hospital da criança para que descobríssemos os motivos de tanta coceira, podendo sair de lá medicada e tendo um sono mais tranquilo.

No atendimento no hospital da criança, a médica disse que a menina estava coberta de sarna de cachorro e piolhos, passando um medicamento oral e loções e pomadas para lavarmos e passarmos nela. Tive também que ir logo em uma loja para comprar algumas roupas, pois a sacola que me foi entregue continha apenas 3 calcinhas molhadas e duas blusas mofas. A avó saiu com tanta pressa que minutos depois me ligou dizendo que a criança sabia lavar suas roupas e que era para pedir a ela que colocasse suas calcinhas no varal. Me controlei para não ser mal educada.

Chegando em casa dei o primeiro banho nesta menininha e constatei com as mãos que o caso era mais sério do que imaginava. A médica disse que poderíamos pegar sarna e que não deveríamos nos aproximar tanto, o que não liguei, levando meu filho a raspar os cabelos posteriormente, devido a quantidade imensa de piolhos.

Não imaginávamos que a chegada desta criança fosse assim no supetão, por isto a primeira noite ela dormiu em um cochão na sala, o que fez sem qualquer reclamação.

No segundo dia pela manhã, durante o banho, pedi a minha servidora do lar que cortasse mais de um palmo do cabelo da criança, até que eu a levasse em um salão. Considerava um absurdo tanto relaxo com um cabelo tão grande. Meu filho, mesmo contra a vontade da menina, a cortou suas unhas para que parasse de se arranhar ao ficar se coçando.

A avó apareceu pela manhã trazendo uma mochila com alguns calçados velhos e umas roupas surradas. Disse que o que queria mesmo era a documentação, então fomos ao conselho tutelar onde havia passagem da criança e lá nos deram um simples papel me deixando responsável pela sua inclusão escolar.

Conseguimos matricula-la em uma escolinha municipal, onde o seu desenvolvimento é notável. Muito inteligente, esperta, tagarela e graças a Deus sem piolhos e praticamente sem sarnas, restando
poucas coceiras nas mãos e nos pés, devido o tempo longo de mais de 3 meses que tinha a adquirido. sua avó disse que foi na fazenda carregando porquinhos no colo.

A menina agora tagarela, teimosa, esperta e feliz, relata que quando morava na fazenda trabalhava de levar comida aos porcos e o avô a pagava por isto. Ela nestes 14 dias nunca pediu para ir embora, brinca demais e temos que a controlar senão não deixa-nos quietos. Monta cavalinho, quer que contamos estórinha e alegra toda a casa com suas conversas e sorrisos. Já não tem a mesma gulodice de antes, entendendo que não precisa comer tudo de uma vez, pois no outro dia também terá o que gosta. O remédio que tomou para acabar as sarnas e piolhos também mata alguns vermes, mas irá tomar outro remédio de vermes, é só melhorar da gripe, pois também está tomando xarope.

Chama minha sogra e meus pais de avós, mas nos chama de tios. Falei que meu marido pode ser seu pai e ela disse que pai é ruim pois bate. Outra vez ao chegar da escola, falou que a professora perguntou o nome da sua mãe e ela disse que não sabia. Falei que era Vera ela repetiu e sorriu; porem nos chama de tios.

Como sua avó havia me pedido um prazo para conseguir o registro dela que estava na Venezuela, esperei até ontem, quando ela voltou da Venezuela dizendo que os pais da criança tinha ido para o garimpo e já havia ido 3 vezes procura-los mas não conseguiu encontrar. Disse que o pai é brasileiro, que se encontrasse ele poderia dar a guarda, mas não encontraram ninguém. Então fomos na justiça intinerante, a qual está para Normandia, mas voltaremos lá dia 6 de junho sem falta. E agora irei com a avó ou sem ela, visto que ela esta sabendo mas disse que não tem certeza se não estará na fazenda dia 6.

Ontem dia 31 de maio de 2016, fomos eu meu marido e minha nova filha até a vila São Francisco para tentarmos algum documento na escola onde ela estudou. O que foi muito bom, pois o diretor nos deu uma declaração dizendo que quando ela entrou lá ele pediu a documentação e a mãe que a levou
disse que traria, cobraram várias vezes e esta documentação nunca foi entregue. Portanto estamos desconfiados que esta menina não tem registro.

O diretor falou que a criança era super tímida e cheia de feridas, que só ficava quietinha pelos cantos da escola, tanto que enquanto estávamos lá o comportamento dela foi totalmente diferente do modo que la fica com a gente. Lá ela não falava nada e ficou quieta o tempo todo. O diretor disse também que a mãe a levava, porem tempos depois as crianças, no caso ela de 5 e sua irmã de 4 pararam de ir a escola. A escola foi atrás de saber o porque estavam faltando e foi quando a avó falou que a mãe havia sumido e deixado as duas meninas em uma casa em Boa vista; assim a avó pediu a transferência delas.

Depois da boa conversa com o simpático e prestativo diretor, fomos lanchar em uma padaria; na qual a minha nova filha ficou super quieta e comportada. Levando-nos a acreditar que ela estava com medo que a gente a deixasse lá. Só voltando a tagarelar tempos depois quando já estávamos chegando em Boa Vista.

A partir do 2º dia nossa filhinha dorme no nosso quarto em um cantinho onde meu filho colocou papel de parede e prateleiras para os brinquedos; o qual denomina o cantinho da felicidade. Tem também sua gaveta cheia de roupas novas e todas as madrugadas praticamente acorda dizendo estar com medo e acaba amanhecendo na cama entre eu e meu marido.

Peço constantemente a Deus que faça a justiça realmente ser sensivel ao caso e nos dê a guarda, pois a amamos como filha e queremos fazer sempre o possível para sua felicidade, saúde, educação, sucesso e paz.

Vera Lúcia Sábio 01-06-2016

Comentários

Postagens mais visitadas