PRATICANDO AS DIFERENÇAS

"Temos o direito de ser iguais,  sempre que a diferença nos inferiorize. Temos o direito de ser diferentes, sempre que a igualdade nos descaracterize".
 (Boaventura de Souza Santos)

O Tribunal de Justiça através do seu presidente des. Almiro Padilha e do presidente da escola do judiciário des. Mauro Campelo. Tiveram pela 1ª vez neste Estado uma visão diferenciada a respeito das limitações provenientes de alguma deficiência; que por vezes acomete um grande número de pessoas em todo o mundo.

Aqui em Roraima, de acordo com o IBGE temos mais de 25% da população com algum tipo de deficiência, sendo este número aumentado devido os acidentes e mau atendimento nos hospitais.

Quando o Conselho Estadual de Direito das Pessoas com Deficiência, junto com um grupo de surdos tomaram a iniciativa de procurar o presidente do Tribunal de Justiça, relatando a  grande impossibilidade que os surdos tem em comunicar com a justiça. Fez com que o presidente, ficasse muito sensível as várias dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência; promovendo assim a única servidora cega, em coordenadora de programas de inclusão.

O des. Mauro Campelo também sensivel a causa, deu toda liberdade para que fosse realizado cursos e oficinas, através da escola do judiciário; proporcionando os servidores da justiça, terem maior empatia e conhecimento a respeito das deficiências.

A oficina Praticando as Diferenças, tem como finalidade ensinar como conduzir uma pessoa cega; buscar recursos e interpretes para comunicar com uma pessoa surda; respeitar as prioridades e melhorar o atendimento aos cuidadores (pais e responsáveis) pelas pessoas com deficiência intelectual e aumentar a acessibilidade arquitetônica a todas as pessoas com alguma deficiência
física.
 
Esta nova visão, possibilitou realizar com êxito a 1ª de muitas Oficinas, em prol de uma justiça mais eficiente, célere e digna a todos.

Durante estes dias, os participantes entenderam melhor sobre o quanto é importante respeitar e praticar as leis de acessibilidade, identificar a dificuldade de cada um e estar mais sensivel e preparado para atendê-lo, quando este procurar a justiça.

Puderam experimentar uma cadeira de rodas, andarem de olhos fechados e tentarem compreender a lingua brasileira de sinais, que permite a comunicação dos surdos. Percebendo que o que limita as pessoas não são suas deficiências e sim a deficiência da sociedade em aceitar, compreender e conviver com os diferentes deles.

Verificaram de perto o quanto os tabus e preconceitos mostram uma incapacidade inexistente, visto que muitas pessoas com deficiência são mais capazes do que tantos que possuem todos os sentidos e membros funcionando e no entanto são parados, cegos, surdos e apáticos a necessidade do próximo.

Acessibilidade é lei e deve ser cumprida mediante punições; porem sensibilidade faz parte da conscientização, do convívio e da empatia, na compreensão que ninguém é tão inútil que não tenha nada a ensinar e nem tão capaz que não precise de algum aprendizado.

Obrigada des. Almiro e des. Mauro pela oportunidade; obrigada a todos os servidores que se dispuseram a participarem e muito obrigada aos palestrantes com deficiência que mostraram com a vivência suas dificuldades e também suas inúmeras superações.

 Vera Sábio
Psicóloga, palestrante, servidora do Tribunal de Justiça, esposa, mãe e cega
 CRP: 20/04509

vera.sabio@tjrr.jus.br

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