O CONSELHO TUTELAR REALMENTE PROTEGE AS CRIANÇAS?

Infelizmente fui alguém leiga e sensível, pela qual o sentimento de amor e proteção a uma criança cheia de sarnas e piolhos, que apareceu na minha casa com sua avó, no final de uma tarde do mês de maio. Não me fez raciocinar e sim atender, acolher e amar, como podia, aquele ser inocente de apenas 5 anos de idade.

Porem na manhã seguinte, acompanhada pela avó e tia da criança, fomos procurar o conselho tutelar onde as duas afirmavam que a criança já havia passado por lá no momento que estava sobre a proteção de outra família, também desconhecida a ela.

No conselho foi muito fácil o conselheiro me dizer que realmente a criança já havia passado por lá e ainda que eu não fosse parente dela, me deu um papel para coloca-la na escola, visto que a mesma tinha uma transferência da escolinha da Vila São Francisco.

Relato com isto a total imprudência em me darem uma criança que não fazia parte da minha família e qualquer um da família dela poderia ficar com ela. Criança não é mercadoria sem sentimentos que vai e vem como bola de ping-pong.

Todavia esperei quase 20 dias, durante os quais a avó afirmou várias vezes que a criança não possuía registro, mesmo ela tendo ido diversas vezes atrás e não encontrado a mãe, a qual sumiu no garimpo, isto de acordo com a avó; já que esta menina não era a única abandonada pela mãe, visto que esta deixou a de 1 ano em uma praça de acordo com o relato da tia que cuidava dela e a de 4 anos com um senhor que tinha ido no conselho com as duas, enquanto a de 4 e 5 estavam com ele. Sendo devolvida a de 5 para avó, não podendo ficar com as duas. Assim a avó me entregou a de 5 anos.

Depois que a criança estava em casa uns 18 dias, surgiu uma febre forte e foi constatado que ela estava com malária, sendo necessário interna-la por 3 dias. Antes da febre, fomos a vila São Francisco verificar os fatos relatados pela avó; lá o diretor da escolinha disse que a menina havia sido matriculada lá no dia 3 de março, junto com a irmã de 4 anos e levadas pela própria mãe. A mãe nunca entregou o registro da criança afirmando que não tinha. Ficamos muito mais confiantes com a declaração do diretor e entramos na justiça pela guarda da criança, onde a avó relatou o mesmo para a advogada.

A criança estava a 48 dias conosco, já havia começado a nos chamar de pais; somente quando foi internada pediu pela avó, sem jamais citar a mãe. Uma criança que ficou em casa de estranhos sem pedir pela mãe já é uma grande confirmação de como não era bem cuidada por ela. Mesmo assim fizemos avaliações psicológicas com ela e no laudo a psicóloga afirmou que a criança havia sofrido maus tratos como ter sido batida com pedaço de madeira e também abuso sexual; os quais foram comprovados pela própria boca da criança, diante a conselheira e a progenitora.

Quando a mãe apareceu como vítima, chorosa e desesperada atrás da filha, a conselheira me disse que realmente tinha ido um senhor com apelido de gaúcho; anotação do descaso total do conselho em falar com um homem que estava com uma criança que não era parente, mas porque tinham uma festa no conselho pela inauguração de uma sala simplesmente deixaram ele ir embora com a mesma sem maiores informações. Dizendo agora a conselheira que ele contou uma estória mirabolante, conclusão confessou a irresponsabilidade dela em deixar o homem voltar com a criança, alegando que somente estava com a menina de 4 anos e não com a minha, isto porque a mãe que apareceu disse que a minha estava na Venezuela neste tempo. História muito mau contada até para eu relatar, no entanto culpa total de conselheiros irresponsáveis que na hora de devolver a filha a mãe, mostraram todo o poder, ainda que  a mãe tenha feito tanto mau a filha; não importa, são venezuelanos e a responsabilidade não é do conselho em investigar, deixa levar e pronto.

Enquanto que no momento de deixarem comigo, também não observaram antes que quem teve passagem não era esta menina e sim sua irmã, que se o senhor não contou uma história verdadeira tinham que ter investigado antes de remendar uma situação que envolve criança, mãe, sentimentos e todo o futuro de uma vida totalmente desestruturada que já ficou em sabe Deus quantos lugares diferentes, mas sua pureza em se envolver com o celular que a mãe a deu no momento, fez não entender a gravidade de um futuro que virá.

Eu, meu marido, meu filho e toda a minha família só temos que rezar e pedir muito a Deus que esta criança tenha bom futuro e que sua mãe tenha mudado. Porem a falha do conselho deve ser punida para que isto não se repita.

Este sistema de qualquer pessoa com graduação seja na área que for pode ser eleito como conselheiro é uma grande furada; pois muitos estão lá tão somente para ganhar sua sobrevivência, ou seja o
salário que lhes sustente e não por entender, respeitar e ser realmente dedicados a vida e proteção da criança. Uma festa de inauguração de uma sala é motivo para deixar a situação chegar onde chegou. Vergonhoso, triste e super injusto...

 Vera Sábio
Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cega
 CRP: 20/04509

vera.sabio@tjrr.jus.br

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