ESVAZIE A FOSSA

Já dizia a minha avó: "Por fora bela viola, por dentro pão bolorento".
Existem pessoas que são verdadeiras fossas ambulantes, no entanto cobertas com granitos reluzentes e perfumes franceses. Elas assumem cargos de grande escalão, tendo colarinhos limpos e possuindo espíritos imundos.
Transbordando, estas fossas já não conseguem manter o cheiro escondido, acabando por vazarem por qualquer brecha e mostrarem suas verdadeiras essências.
Portanto lhes afirmo: não adianta tampar o sol com a peneira, ignorar os fatos, justificar o injustificável e continuar empurrando a realidade com a barriga, onde os umbigos reluzentes revelam marcas e mais marcas da imundice da corrupção.
Partidos, como bem revela a palavra, são rachaduras, frestas pelas quais escorrem o esgoto da corrupção, onde somente aquele que não quer, não enxerga, mas mesmo assim sente seu efeito.
Estamos em total caos, e por isto pergunto:
- Como a verdadeira justiça vai agir nessas situações?
Como esvaziar a fossa que impede o fluxo do sucesso, honestidade, amor à pátria e solidariedade mútua. Para que tenhamos esperança em dias melhores?
“Um caipira rural, ao visitar suas poucas vaquinhas que eram o sustento da família, encontrou um pedaço de chifre no chão, o que lhe deixou bem preocupado, pois era sinal de uma doença que fazia cair o chifre das vacas, até levá-las à morte. Para verificar isto melhor, o caipira colocou o chifre no bolso e continuou seu trabalho.
Logo encontrou o filho que lhe ajudava na lida e começaram a andar pela mata ao redor, porém um tempo depois o caipira desassossegado dizia ao filho que ficasse de olhos bem abertos, pois a onça deveria estar por perto. Até seus rastros acharam facilmente e o cheiro de onça era demais. Já sabiam que onça, bicho esperto e traiçoeiro, seguia às escondidas até atacar, por isto não conseguiam enxergá-la, mas o percurso de meia hora durou para pai e filho uma eternidade de medo e apreensão.
Ao chegar na humilde casa, qual não foi a surpresa, quando retirou a camisa e verificou que o cheiro de onça era somente um pedaço de chifre em decomposição...”.
Porém, não quero ser eu a dona da verdade e acusar ou inocentar alguém, o que sei como os demais cidadãos é que há muito cheiro de onça pelo ar, muita fossa abafada, muita grana desviada e muita sujeira que já não cabe mais debaixo do tapete.
O que precisamos é de órgãos fiscalizadores, responsáveis, justos e capazes de esvaziar tantas fossas, retirar tantas camisas e deixar que o bom ar da justiça prevaleça.
Não tem como vivermos desconfiados e com tanto medo, é preciso que a justiça aconteça, nos dando esperança e nos fazendo acreditar que ainda vale a pena sermos bons.
*Psicóloga, palestrante, servidora pública, escritora, esposa, mãe e cega com grande visão interna.
CRP: 20/04509
vera.sabio@tjrr.jus.br

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